Antes de descrever a trajetória de cada enxadrista, uma introdução sobre títulos adquiridos é necessária. Para poder classificar cada jogador de xadrez, foi criado o rating ELO, um sistema baseado na performance de cada jogador. O responsável pela criação desse sistema foi Arpad Elo.

A Federação Internacional de Xadrez (FIDE) empregou o rating ELO em 1970 e a partir daí, ele passou a ser utilizado como o método mais adequado de classificação.

As classificações são:

Grande Mestre (GM): É o maior título que um enxadrista pode conquistar, perdendo apenas para campeão mundial de xadrez. Para ser considerado GM, o enxadrista deve alcançar um rating ELO de pelo menos 2500 pontos. Outra forma de conquistar o título é vencendo o Campeonato Mundial de Xadrez Juvenil.

Mestre Internacional (MI): Para conquistar o título, o enxadrista deve alcançar um mínimo de 2400 pontos no rating ELO.

Mestre FIDE (MF): O enxadrista deve alcançar um mínimo de 2300 pontos.

Candidato a Mestre: O enxadrista deve alcançar um mínimo de 2200 pontos.

Mestre Nacional (MN): Nem todas as federações nacionais consideram, mas a Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) considera MN o enxadrista que conquistar o rating FIDE de no mínimo de 2200 pontos.

Garry Kasparov

Nascido em Baku, capital de Azeibarjão, ex-república soviética, no dia 13 de abril de 1963, é considerado um dos melhores jogadores da história do xadrez.

Teve como primeiro nome Garry Weinstein, pela ascendência judaica do pai. Mudou de nome aos 12 anos, em que Kasparov era versão russa do nome da mãe, Klara Shagenovna Kasparian. Seu primeiro contato com o xadrez foi aos 5 anos, com o tabuleiro do pai e, a partir daí, já foi percebido uma certa habilidade com o jogo.

Em 1976, aos 12 anos, venceu o Campeonato de Xadrez da União Soviética Júnior e repetiu a proeza um ano depois. Aos 17 anos, venceu o Campeonato Mundial Júnior e ganhou o título de Grande Mestre, premiação dada aos enxadristas profissionais que alcançam pontuação igual ou superior a 2500 pontos em, pelo menos, 24 partidas válidas pela classificação da Federação Internacional de Xadrez (FIDE). Tornou-se o jogador mais jovem a vencer o Campeonato Mundial de Xadrez, aos 22 anos, em 1985.

Manteve o título até 1992, após romper com a FIDE por achar que havia indícios de corrupção e falta de profissionalismo. Criou a Professional Chess Association (PCA), um campeonato rival no qual se manteve campeão durante os anos de 1993 até 2000, sendo vencido por Vladimir Kramnik.

Em 1997, Kasparok surpreendeu o mundo ao ser derrotado por uma máquina, o computador de xadrez Deep Blue, da Internacional Business Machine, sendo a primeira vez que um computador venceu um campeão mundial em uma partida.

Para Kasparov, houve suspeita de trapaça pela maneira do jogo. Segundo Kasparov, o computador tinha profunda inteligência e criatividade nos movimentos, e por isso desconfiou de intervenção de pessoas, o que era contra as regras. A IBM negou as acusações e se recusou a fornecer acesso aos registros da máquina, embora tenha publicado na internet depois.

Kasparov pediu uma revanche, mas a IBM recusou e, logo após, aposentou o Deep Blue. Foi feito um documentário sobre esse acontecimento chamado de Game Over: Kasparov and the Machine.

Perdeu o título de Campeão Mundial em 2000 para Vladimir Kramnik, em Londres. Nesse ano, foi a primeira vez que ele ficou sem qualquer título mundial em quinze anos e se tornou o primeiro enxadrista a ser derrotado no Campeonato Mundial, sem ter conseguido uma vitória desde Lasker para Capablanca, em 1921.

Anunciou sua aposentadoria dos tabuleiros em 2005, ao anunciar sua frustração com a tentativa de unir o Campeonato Mundial e a falta de objetivos das pessoas com o xadrez.

Envolvido com política, Kasparov foi preso em 2007, ao participar de uma manifestação contra as medidas feitas pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas foi liberado horas depois. Em novembro do mesmo ano, Kasparov foi preso novamente pelo mesmo motivo, o de fazer parte de uma manifestação contra Putin, mas só foi liberado cinco dias depois.

Anatoly Evienvich Karpov 

Anatoly Evienvich Karpov nasceu em 23 de maio, de 1951, na Rússia, cidade de Slatoust. Considerado por muitos um dos maiores jogadores de xadrez da história, consagrou-se como campeão mundial de 1975 a 1985. Um de seus primeiros contatos com o xadrez foi aos 4 anos e venceu pela primeira vez um torneio internacional por acidente, aos 15 anos, por acharem que o campeonato era infanto-juvenil.

Adquiriu o título de Grande Mestre em 1970 e venceu o Campeonato Mundial de Xadrez em 1975. Nesse campeonato, ele se tornou o primeiro campeão sem de fato disputar a partida final, no caso, com o lendário e polêmico Bobby Fischer, que se recusou a participar por causa das regras do campeonato.

Em 1985, foi derrotado por Garry Kasparov pela primeira vez, e tentou recuperar a vitória nos campeonatos seguintes, mas ainda assim perdeu, nos anos de 1986, 1987 e 1990.

Com Kasparov fora do campeonato por desavenças com a FIDE, Karpov foi considerado campeão pela FIDE. Em 1999, ele se recusou a participar do Campeonato Mundial por causa de seu novo formato. A partir daí, abandonou os campeonatos de xadrez aos poucos.

Bobby Fischer

Robert James Fischer, mais conhecido como “Bobby” Fischer, nasceu em Chicago, Estados Unidos, no ano de 1943 e já foi considerado o melhor enxadrista do século XX.

Seu primeiro contato com o xadrez foi aos seis anos, época em que sua irmã brincava com ele com vários jogos, entre eles, o xadrez. Chegou a jogar sozinho durante um ano, apenas lendo as instruções no tabuleiro. A partir daí, começou a aptidão com o jogo, ao integrar o Clube de Xadrez de Brooklyn e, mais tarde, o Clube de Xadrez de Manhattan.

Conquistou sua primeira competição aos 13 anos, o campeonato americano júnior de xadrez, e, um ano depois, conquistou seu primeiro Campeonato Nacional. Desde cedo demonstrou ser um gênio no xadrez, e um exemplo foi a conquista do título de Mestre de Xadrez dos Estados Unidos, aos 13 anos. Até o ano de 2010, manteve-se como o mais jovem a conquistar esse título e aos 14 anos, já possuía o título de Grande Mestre. Entre os oito campeonatos nacionais que participou, venceu todos eles, nos anos 1957, 1958, 1959, 1960, 1961, 1962, 1973, 1975 e 1986.

Conseguiu se credenciar para jogar o Campeonato Mundial de Xadrez em 1972, após conquistar uma série de vitórias nos Interzonais Mundiais e Torneios Intercontinentais. A final desse mundial foi contra o russo Boris Spassky, no qual Fischer criou vários empecilhos para poder realizar a competição.

Bobby Fischer queria o local de disputa na Iugoslávia e Spassky preferia a Islândia. Para a organização do campeonato, os jogos poderiam ser realizados nos dois países, mas Fischer afirmou aceitar a proposta apenas se o prêmio da disputa dobrasse. Após um longo debate acerca do local, o milionário inglês Kim Slater doou US$ 250.000 para satisfação de Fischer.

O primeiro e segundo jogo foi vencido por Spassky, mas no segundo houve a reclamação de Fischer com a presença de câmeras e quantidade de pessoas ao lado da sala onde o jogo ocorria.

Spassky pediu a mudança do local de jogo para assim não vencer por desistência de Fischer. Ao terem decidido realizar a disputa em uma sala dos fundos, Fischer parou de criar empecilhos e assim passou a vencer sete dos 19 jogos seguintes. Com 11 empates e apenas uma derrota, Fischer conquistou o título de campeão mundial de xadrez e se tornou o primeiro americano a conquistar o feito.

Em 1975, Fischer abriu mão da conquista de seu título ao se recusar a enfrentar Anatoly Karpov por causa das regras do campeonato e enviou uma carta à Federação Internacional de Xadrez (FIDE) com a abdicação do título e recusa de participar da disputa.

Vinte anos depois, em 1992, Fischer e Spassky se enfrentaram novamente, com vitória de Fischer e uma introdução de novidades teóricas por parte do americano.

O maior destaque dessa partida deve-se ao fato de ser disputado na Iugoslávia, e, na época, ocorria uma guerra civil no país. Proibido de viajar ao país pelo Departamento de Estado dos EUA, o americano demonstrou seu desprezo pela decisão ao cuspir no documento em frente às câmeras.

Logo após a conquista do campeonato, Fischer se declarou único campeão mundial, por não ter perdido nenhuma decisão do mundial e acusou Karpov e Kasparov de ganharem as partidas apenas em jogos arranjados. Bobby Fischer foi preso no Japão ao tentar embarcar para as Filipinas com o passaporte revogado. Desde então, os EUA tentaram a sua extradição para poder ser preso, mas nunca conseguiram.

Em 2005, a Islândia ofereceu cidadania a Fischer, que aceitou. De acordo com as leis islandesas, nenhum cidadão islandês poderia ser levado aos EUA para ser processado naquele país, embora a Islândia tenha um acordo de extradição com os EUA. O polêmico enxadrista morreu no dia 17 de janeiro de 2008, aos 64 anos, na Islândia.

Henrique Mecking

Henrique Costa Mecking, mais conhecido como “Mequinho”, nasceu em Santa Cruz do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, em 1952, e é considerado por muitos o maior jogador de xadrez da história do Brasil.

Aprendeu a jogar xadrez aos 5 anos de idade com sua mãe, Maria José Costa Mecking, e seu primeiro professor foi o delegado de polícia João Manoel Barreto.

Seu primeiro título foi de vice-campeão de Pelotas, com 9 anos, e aos 13 anos já era consagrado campeão nacional. Venceu o campeonato gaúcho em 1965 e o Sul-Americano com 15 anos, em 1966. Venceu o Torneio Interzonal de Petrópolis em 1973 e o Torneio Interzonal de Manila, em Filipinas, em 1976.

Teve como ano de maior destaque 1978, onde alcançou a posição de terceiro melhor enxadrista do mundo, no qual perdia apenas para Anatoly Karpov e Viktor Korchnoi.

Infelizmente, neste mesmo ano, apareceram os sintomas de miastenia, uma doença que acarreta fraqueza e cansaço nos músculos, deixando até sem controle motor. Por conta disso, Mequinho ficou 17 anos sem jogar e dedicou toda sua fé à religião, o catolicismo. Após retornar aos jogos, Mequinho passou a participar de jogos online no Internet Chess Club (00000000000000000), consagrando-se campeão mais de dez vezes.

Em 2001, Mequinho participou do Magistral Najdorf, em Buenos Aires, Argentina. Nessa competição, empatou com Judit Polgar, considerada a melhor enxadrista da história e Viktor Korchnoi, antigo rival.

Em 2002, representou o Brasil na Olimpíada Mundial de Xadrez na cidade de Bled, Eslovênia. Com cinco vitórias e três empates, fez com o que país ficasse na frente dos Estados Unidos e Cuba pela primeira vez em uma olimpíada de xadrez. Atualmente, continua participando de competições enxadristas.

Judit Polgár

Judit Polgár e uma enxadrista húngara, considerada a melhor enxadrista do sexo feminino de todos os tempos. Nasceu dia 23 de julho de 1976, em budapeste e começou a jogar xadrez aos 5 anos de idade. Seus pais relatam que a criança sempre teve grande admiração pelas peças e tabuleiro de xadrez e que passava horas treinando.

Aos 12 anos de idade, no ano de 1988, tornou-se a primeira mulher a ganhar o campeonato mundial para menores de 12 anos. Ganhou medalha olímpica em 1990 e também nos dois anos consecutivos. Judit Polgár foi capaz de ultrapassar o grande enxadrista Bobby Fischer, ao conquistar o título de Grande Mestre Internacional com apenas 15 anos de idade (feito que até o momento, ninguém havia superado). Gostava de competir com homens, pois dizia que as meninas de sua idade não levavam o xadrez tão a sério.

Venceu o ex-campeão mundial Boris Spassky no ano de 1993, com apenas 17 anos de idade. Em 1988, sagrou-se líder do ranking feminino; Com tantas vitórias, figurou entre os 10 melhores jogadores do mundo. Em 94, foi derrotada por Garry Kasparov, mas conseguiu vencê-lo em 2002. Em 2004, afastou-se do xadrez para ter um filho, motivo esse das suas derrotas posteriores. Judit é irmã caçula das também enxadristas campeãs Susan e Sofia Polgár.

Magnus Carlsen

O jogador norueguês Magnus Carlsen é considerado um fenômeno do xadrez na atualidade. Atual campeão mundial de xadrez, Carlsen conquistou o título (vencendo o atual campeão da época, Viswanathan Anand) com apenas 23 anos de idade.

Henrik Carlsen, pai do rapaz, diz que Magnus exibia suas habilidades no raciocínio e concentração desde a infância, pois com 2 anos já conseguia montar um quebra-cabeça de 50 peças. Henrik gostava muito de xadrez e aproveitou a oportunidade para apresentar o jogo ao filho. Entretanto, aos 6 anos, nem quis saber da novidade apresentada. Foi a partir dos 9 anos de idade que Magnus apresentou interesse espontâneo pelo xadrez de computador. A possibilidade de competir com jogadores do mundo todo, estudar lances e desafiar amigos instigou a curiosidade do garoto.

A capacidade de cálculo do computador faz dele melhor “jogador” de xadrez. Carlsen desenvolve suas próprias técnicas, se espelhando no computador, aproximando-se bastante nesse quesito. A memorização de Magnus Carlsen é surpreendente: guarda na cabeça 500 mil jogadas. O precoce jogador se denselvou mais nesse aspecto. Em um jogo de xadrez com o mesmo, Magnus estará 20 lances a frente de seu adversário, em sua imaginação; portanto, as probabilidade de vencer é maior.

Ainda aos 13 anos, sagrou-se Grande Mestre de Xadrez, em 2004. Enfrentou e venceu Anatoly Karpov, considerado melhor jogador do mundo por 10 anos. Em 2009, vence o renomeado jogador russo Vladimir Kramnik. Na história da FIDE, é o mais novo número um no ranking mundial. Para conquistar o título de campeão mundial, Carlsen foi treinado por um tutor, o lendário Gary Kasparov, por um ano.